Não era um dia qualquer

Saudade de ouvir um versículo nas manhãs que pareciam mais uma manhã qualquer. Nem sabia, mas cada uma delas não era uma manhã qualquer.

Saudade de ouvir numa tarde qualquer “vou ali rebentar uns “mí” de pipoca”, enquanto ao fundo o Jerry Lewis fazia graça na TV. Não sabia, mas não era uma tarde qualquer.

Saudade de ver aquele bigodinho branco sentado na segunda fila da Igreja. Parecia só mais um domingo. Mas não era mesmo mais um domingo qualquer.

Saudade das horas e horas nas filas da SAB em busca dos nossos 3 quilos de carne, ouvindo histórias e mais histórias. O tempo voava e eu nem imaginava, cada uma delas não era uma história qualquer.

Saudade dos longos almoços de domingo, das panelas cheias, da carne apertada na pressão, do cheiro gostoso de alho queimado, oração, tios em casa. Podia mesmo parecer, mas cada um desses não era só mais um almoço qualquer.

Saudade de abrir a porta gritando ‘bença’ já esperando a voz mansa abençoar de volta. Acontecia sempre e toda hora, mas cada uma era muito mais que uma benção qualquer.

Saudade de ouvir o barulho do chinelo arrastando, do radinho ligado, da bomba de Mafú, do pedido de silêncio na hora do jornal, da caneca de alumínio batendo na mesa, do abacate caindo fora da lata, do som das poesias, dos conselhos e de qualquer palavra.

Saudade de qualquer coisa, saudade, saudade, saudade. Porque qualquer momento com ele, hoje eu sei, não era um momento qualquer.

Se a saudade dói mais que queria, conforta saber que ela é melhor do que caminhar com o coração vazio.

Se o tempo já mostrou que não tem passagem de volta, vivemos as memórias desse homem que não era um homem qualquer.

Se toda saudade tem nome, essa vem com Santos no sobrenome, porque não podia mesmo ter nascido num dia qualquer.

Dia 1 de novembro sempre é dia de festa no céu.

Saudades, Seu Lázaro.

Foi nesse lugar… 

Todo mundo tem um lugar especial pra chamar de seu. Eu tenho um lugar que é mais que especial. Eu diria que é um lugar fundamental.

Pra tudo na minha vida. 

Deus me deu asas pra voar pelos quatro cantos do mundo. Mas só um lugar como alicerce de tudo.

Foi nesse lugar que pude conhecer as melhores pessoas que o cara lá de cima poderia presentear alguém. Seu Lázaro e Dona Julinha foram muito mais que líderes de uma grande família abençoada e orientada pela humildade, honestidade, retidão e generosidade.

Foi nesse lugar que ouvia nas manhãs um trecho do livro sagrado, entoados pelo Seu Lázaro num exercício de obediência e aprendizado da palavra de Deus. 

Foi nesse lugar que convivi anos e anos com a Dona Julinha, símbolo de verdade, de amor, de carinho, de cuidado, de uma sabedoria que sei lá, talvez nunca conheça igual. 

Foi nesse lugar que conheci os dois e foi ali que me despedi deles. 

Foi nesse mesmo lugar que a vida me apresentou uma trupe de tios que, talvez nem eles saibam, foram decisivos na vida de um garoto que poderia na ausência de um pai simplesmente ter ficado perdido navegando pela vida. Mas teve neles um farol que iluminou cada passo, ouviu uma palavra que parecia solta mas foi entendida como um conselho, teve um ombro nas horas difíceis, o aplauso que encoraja, viu neles o papel de pai e mãe sem eles serem pai nem mãe. 

Foi nesse lugar que os almoços de domingo se tornaram inesquecíveis. Tios, primos, família, oração. E nesse lugar que tomei consciência do tanto que Dona Dalva foi uma guerreira e uma referência em como levar a vida bravamente, superar obstáculos e ainda manter o bom humor. 

Foi nesse lugar que vi amigos que estão no coração pra toda a vida. A infância e adolescência que ninguém esquece, o campinho, a bola na rua, momentos puros e verdadeiros de amizade, lealdade, alegria. 

Foi nesse lugar que curtia por horas e horas pousos e decolagens, sonhando o dia em que conheceria qualquer lugar que um avião daqueles poderia levar alguém. Sem imaginar que um dia passaria horas e horas dentro daqueles aviões para lugares que nunca – nunca mesmo, pensei ir algum um dia. 

Foi nesse lugar que vivi grandes sonhos e expectativas, que fiz planos e revi planos pra vida. Sonhei muito. 

Foi nesse lugar que aprendi as melhores lições de como ser alguém do bem e, pelo exemplo que tive perto, a clara diferença entre o certo e o errado.

Foi desse lugar, enfim, que saí direto pra formar a minha família e tentar levar à frente tudo que aprendi. 

Sigo assim… sabendo que se um dia o mundo me deu asas pra voar, a vida me deu o Salmo 23 como guia, um lugar pra manter meus pés no chão e a certeza do que realmente importa. 

O lugar pra onde apontam essas coordenadas estão agora gravados como um símbolo de agradecimento. 

Para todo o sempre. 

Ps: Clica aí pra saber onde vai o 15°50’44.7″S 47°58’28.2″W

https://goo.gl/maps/cMCC1PYTR7R2

Pensando alto sobre o Carmo, o queijo, a fé e a coragem do grande Lázaro

Vo Lazaro

Em mais uma dessas andanças por aí, me deparei com essa plaquinha numa banca do Mercado Central de Belo Horizonte. Era pra ser um anúncio qualquer, não fosse o significado dessas palavras juntas. Isso mais o clima mineiro foram o bastante pra me permitir alguns minutos viajando no tempo…

Carmo do Paranaíba-MG é a terra da minha mãe e de outros tios. Viveram o início de suas vidas por essas bandas de Minas até que o saudoso Vô Lázaro, depois de muita enxada e roça pra capinar, resolveu “subir a ladeira” rumo ao Planalto Central. Parou em alguns lugares e por fim chegou para trabalhar na construção de Brasília.

Na época, beiradinha dos anos 60, seu Lázaro e dona Júlia saíram de Minas carregando a família e quase nada na mala. De peso mesmo era a coragem para enfrentar o desconhecido, guiados só pela fé em Deus e a esperança em garantir o sonhado “estudo” e uma vida melhor para a já numerosa família. A cada relato de um tio sobre como foi esse caminho, a aventura comandada pelo Seu Lazaro só fica maior. Anda um pouco, pára, consegue um bico, arruma “um troco”. Anda mais um pouco, uma nova cidade, outro bico, mais um dinheirinho… segue em frente. Só com a cara, a fé e a coragem. E a medida que a família crescia e a responsabilidade aumentava, o caminho pra Capital diminuía. É verdade que a necessidade era um incentivo e tanto. Mas tivesse ele se acomodado lá na roça, estaríamos contando hoje uma história diferente.

Como diz o ditado, quem trabalha sempre alcança. Não bastasse o trabalho, a resposta pra tanta fé e coragem não podia ter sido outra. Chegou a Brasília, batalhou que só, conseguiu um espacinho, já não comandava mais a enxada mas sim os panelões pra alimentar a peãozada. E assim… dia a dia, um a um, viu cada filho crescer com uma nova oportunidade, batalhar como ele batalhou, estudar como ele não pode, caminhar com os próprios pés como ele sempre ensinou, vencer como ele venceu. Na base de tudo, sempre por perto, a dupla Lazaro e sua fiel escudeira Julinha.

Hoje penso que as tropeçadas da vida que cada filho teve e ele assistia, certamente eram bico perto do que ele deve ter passado pra concluir essa jornada. Acho que por isso o ar sereno foi uma marca até o fim. Sereno, sério, severo quando precisava. Não admitia uma mentira nem aceitavam nada errado. Perante Deus e os homens, seu Lázaro e dona Júlia foram impecáveis. Nem na pior adversidade – e foram muitas, abriram mão de seus valores sólidos como a realidade dura da vida. Foram exemplos vivos de honestidade, respeito, correção, compromisso com a família. Não foram sábios por livros, mas sábios por natureza. Deixaram um legado que nós netos jamais aprenderíamos em qualquer escola, livro ou faculdade.

Pouco a pouco e anos depois do Vô Lázaro sentar ao lado de Deus, seguimos conhecendo essas e outras pequenas passagens que só reforçam a história que alguns viveram, que a maioria ouve falar, mas que todos admiram. E surpreendem por lembranças que tornam ainda mais corajosa essa história do velho Lázaro e de sua companheira Júlia rumo ao Planalto. Talvez nenhum de nós encararia algo assim nos dias de hoje.

A lição está aí. Vira e mexe a gente dá de cara com momentos pra decidir ir ou ficar. De mudar ou se acomodar. Do caminho fácil e comum, ou difícil e vencedor. Hora de lembrar dele, porque talvez falte uma pitadinha de coragem e fé como teve nosso avô. Meio sem querer, acredito que eu já tenha utilizado uma lição que, agora sei, seu Lázaro era o mestre: vá em frente, acredite, pode colocar o pé. Tenha fé e confiança que Deus vai providenciar o chão. Sempre dá certo.

Ah… e o que tem haver o queijo? Não fosse pela mineirice típica, o queijo foi mais um símbolo dessa história que devemos nos orgulhar. Sabe-se que anos depois da inauguração da Capital, seu Lázaro carregou muito queijo nas costas pra vender pela cidade.

Talvez o queijo da cesta nem fosse lá “do Carmo” como esse aí da foto. Talvez a cesta estivesse cheia de pão de queijo, pastel ou outra coisa qualquer. Ainda… talvez eu tenha deixado meu pensamento ir longe demais ao me deparar com essa plaquinha e suas duas palavras mágicas – queijo e Carmo.

Certeza mesmo é que o ombro que carregava a cesta era do velho Lázaro. Graças a coragem dele e da dona Julia, graças aos ensinamentos repassados por nossos tios, pais e mães, graças ao queijo e por que não, graças a um vento encorajador soprado lá no “Carmo”, hoje temos boas lições pra seguir,  viagens por fazer, histórias pra contar, motivos de sobra pra nos orgulhar. Inspirados pela sua fé, estimulados por sua coragem.

🙂

 

Sobre um amigo que vai e as histórias que ficam

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Há algum tempo atrás, meu amigo Jordão me trouxe para conhecer essa maravilha de hamburger. Segundo ele, era o melhor que conhecia em SP. Na ocasião, fez questão de me apresentar o Chef e ainda pediu que ele que contasse como peregrinou por Nova York, provou mais de 40 receitas até encontrar a ideal. Eu adorei o papo. Ele, ficou visivelmente feliz com a experiência que acabava de me proporcionar.

Sempre foi assim. Falar sobre a busca por um bom hamburger e momentos #explosaodesabores da vida era um ponto que tinhamos em comum desde o primeiro papo, em 2008.

De lá pra cá, entre muito trabalho, campanhas, desafios, correria e viagens, muita conversa boa, confiança, amizade. Claro… vira e mexe, vários bons hamburgers e excelentes coxinhas – outra paixão em comum. Dois assuntos “sérios” para nós, entre boas risadas e a disputa sadia em ter na ponta da língua a dica mais quente. Nisso, ele sempre ganhava! Só me restava retribuir com minha empolgação habitual o que, pra ele, já era mais que um presente. Sujeito sério, na dele, mas generoso como poucos. Ficava feliz quando simplesmente deixava os amigos felizes.

Há alguns dias, ele se foi. Cedo demais. De repente.

Com ele, foi embora a possibilidade de novas conversas, do convivio, de novos desafios juntos.  Os hamburgers, coxinhas, viagens, lugares, novidades tecnológicas e suas histórias foram nesse tempo apenas símbolos que aliviavam o dia a dia de algumas batalhas que passamos a trilhar juntos e com frequência após um início vitorioso. No centro de tudo isso, o que mais importa: uma pessoa daquelas que não passam a tôa na vida da gente. Alguém que ajudava, ouvia sobre uma vitória qualquer e vibrava como se fosse dele. Um parceiro leal, exemplar no trato e no respeito às pessoas, um grande coração, um líder.

Voltei ao mesmo local do primeiro “hamburger incrível”. Desde o dia da partida, pensei que voltar seria uma forma de lembrar e homenagear o amigo. Até porque ele sempre perguntava se tinha passado a dica pra frente, se tinha fotografado, registrado e falado sobre… “e aí Mr.M, contou pra alguém… colocou lá a foto?”. Ao chegar, dei de cara com uma novidade do chef. E que novidade… uma beleza de hamburger!  Seria uma indicação daquelas, que me fariam finalmente ter uma dica quente pra contar a ele – e o melhor de tudo, antes! Ri sozinho, imaginando como seria.

Em meio a saudade e o nó na garganta por estar de volta ao local de tantos papos, respirei fundo e registrei o momento. Pensando que, sem dúvida, qualquer novidade daqui pra frente será motivo de lembrança, de saudade. Segui pensando nisso e resolvi escrever sobre esse grande amigo que foi. Seguro de que as histórias sempre estarão aí, vivas como nunca.

Eu sei, é simples. Mas também sei que simples assim, essa homenagem o deixaria feliz.

🙂

#CoisasDaVida – Episódio: “Chama o SAMU”

Sabadão de sol em Brasília. E lá vamos nós para uma corridinha no Parque da Cidade. Depois de um começo animado a passadas firmes, no meio do percurso – qdo já tava pedindo arrego – passo correndo (pra ser sincero, me arrastando) por um tiozinho que vendia água, côco e afins na beira da pista de corrida do Parque. Ele mira em mim e logo grita:

– Olha a água… vai uma água aí?

Como não dava pra responder falando, já que perderia uma respirada preciosa naquele momento, só fiz o sinal negativo com a mão e um sorriso como quem diz “não obrigado”.

O tio vendo a situação da pessoa, olhou, riu e rapidamente soltou:

– Tem certeza mesmo? Acho que tá passando da hora, hein?

Hum… 

#CoisasDaVida

Steve Jobs nunca vai morrer

O cara simplesmente foi um dos inventores do computador pessoal. Poderia ter sido só isso pra ter entrado para a história.

Mas não.. mudou a forma de como ouvimos música e, não satisfeito, mudou a forma de como atualmente compramos música. Revolucionou a indústria da telefonia e fez o mundo inteiro deslizar o dedo pelas telas dos seus celulares, iPhones ou não. iPods, iMacs, Macbooks fora, foi dele a empresa que mudou a forma de fazer desenho animado, que nos contou gdes histórias e ainda tornou Woody, Buzz Lightyear e Nemo moradores de nossas casas.

Passou por cima do orgulho e tornou uma empresa falida na mais valiosa do mundo. Foi na época em q o mundo dos computadores só pensava bege… e ele pensou colorido, mudando tudo de novo. Entre tantas revoluções, foi assim q sua vida e sua luta contra a morte o fizeram dono de um dos discursos mais inspiradores da história. Assistido, lido, comentado por milhões. Um hino inspirador.

Ele conseguiu ser um ícone de respeito ao consumidor, sempre entregando mais que a nossa expectativa conseguia imaginar. E sempre surpreendeu. Diz, o que falar de um cara que bolava ele mesmo as caixas dos produtos que amamos, que o mundo inteiro ama… Quem tem sabe o que é a experiência de abrir o seu Apple novinho, seja qual for. iQualquer coisa é sinônimo de qualidade, perfeição, design, desejo, inspiração, satisfação.

É… Steve Jobs um dia resolveu mudar o mundo e conseguiu.

Transformou uma marca em religião, em uma filosofia de vida. E hoje, 5 de outubro de 2011, o cara foi descansar e nos deixou com a estranha sensação de ter perdido um parente próximo. Um amigo, com o qual convivemos todos os dias.

Por isso, prefiro acreditar que um cara como ele, com essa história e esse legado, nunca vai morrer de verdade.

#RIPSteveJobs

Aí vc vai encontrar a melhor coxinha q eu conheço

Esse lugar, segundo meus critérios, tem a melhor coxinha que encontrei até o momento. As “vistorias” continuam, mas sempre q posso é lá que eu vou.

#sensacional

Sexta-Feira Gimenez de Paiva, o caçula

Crônica de um lindo dia rubro-negro

“Todo mundo nasce Flamengo, só que alguns degeneram”, ouvi repetidas vezes meu Tio Saulo dizer quando era garoto. Foi por isso que nasci Flamengo e achei mesmo que todo o resto do mundo torcesse pelo Mengo. Quando pelas mãos do Tio Jessé estreei num estádio, lá no gramado desfilavam Leandro, Júnior, Adílio, Andrade, Nunes, Lico, Zico e Tita. Era uma orquestra, claro que todo mundo tinha mesmo que ser Flamengo. Nem mesmo as tardes de domingo, os gols do Dinamite e os gritos de gol do Tio Ananias me faziam mudar de idéia. Só dava Flamengo. Coitado do Dinamite, coitado do Tio Ananias. Coitados dos que não torciam pro gigante rubro-negro. Mesmo não sendo tanta gente, já que afinal poucos ousavam ser diferentes.Era nisso que eu acreditava e daí só pensava: aqueles que “degeneraram” por um tempo, nem vão virar casaca, nasceram Flamengo, tem uma bela desculpa pra voltar. Se foi uma vez Flamengo, era pra sempre Flamengo.

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